17 janeiro 2011

JULGAMENTO

Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco. Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:
-Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?
O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.
Numa determinada manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu e o povo disse:
-Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!
-Não cheguem a tanto, retrucou o velho. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este é apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai acontecer?
As pessoas riram do velho. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.
Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:
- Velho, você estava certo. Não se tratava de uma desgraça, na verdade se tornou uma benção.
-Vocês estão se adiantando mais uma vez, disse o velho. Apenas digam que o cavalo está de volta. Quem sabe se é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento. Se você lê apenas uma única palavra de uma sentença, como pode julgar todo o livro?
Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente acreditavam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo... O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas.
As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram:
-Você tinha razão, novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas e na sua velhice ele seria seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca.
-Vocês estão obcecados por julgamento, ponderou o velho. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado.
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se, porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram:
-Você tinha razão, velho - aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre.
-Vocês continuam julgando, retrucou o velho. Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Ninguém sabe se isso é uma benção ou uma desgraça.
Quem julga fica obcecado com fragmentos, pula para as conclusões a partir de coisas pequenas, deixa de crescer. Julgamento significa um estado mental estagnado.
Observe sua vida fluindo!
Atenha-se somente aos fatos.
Evite os julgamentos.

5 comentários:

  1. Reamente é difícil não jugar (inclusive falo por mim mesmo). E além de tudo costumamos julgar por aquilo que vemos, sentimos e acreditamos (sob nossa ótica) e não a dos outros...e muitas vez (acho que na maioria) isso acaba estando errado. A solução é o policiamento constante de sua mente, para evitar injustiça, até porque com a mesma forma e força com que julgas, um dia será julgado! Help me when I'm wrong. Tks

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  2. Muito bacana o texto!!!
    O nosso poder de julgar é tão grande, que muitas das vezes, acabamos manifestando sentimentos negativos em nós mesmos pelo fato de pensar ou criar um pré-conceito sobre alguém ou alguma situação.
    Por isso, pense bem antes de julgar qualquer pessoa ou situação e lembre-se.
    "Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra".

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  3. Costumo dizer que julgar é uma arte, que pode ser utilizada tanto para o bem quanto para o mal. É inevitável em determinadas situações escapar os famosos "pitacos" em relação a um assunto, uma posição assumida, uma pessoa, enfim... Julgar está intrínseco no ser humano, e não é nada fácil fugir da "tentação." Entretanto, não é nada fácil julgar. Vejam o exemplo dos Juízes de Direito, que julgam por anos e anos a vida alheia, assumindo que um "pequeno" erro pode destruir ou abalar a vida de um ser humano totalmente atípico de seu convívio. Analisar o máximo dos parâmetros possíveis para só depois tomar a iniciativa de julgar deveria ser a régra, mas não é, infelizmente, pois muitos julgamentos são feitos sem qualquer tipo de conhecimento técnico. Para terminar, gostaria de citar a frase que um amigo gosta de repetir, e que concordo plenamente: "O silêncio é a oração dos sábios." Na dúvida, não moleste a vida alheia...

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  4. Não se deve misturar Julgamento com Conselho.
    Ontem mesmo ouvi que: Conselhos e Críticas são gratuitos, mas podem fazer uma grande diferença quando são ouvidos...para o bem ou para o mau.
    Cabe a quem ouve a decisão.

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  5. Hoje minha tia vai fazer uma cirurgia de redução de estômago, e todos deram muito apoio a ela, e é isso que vai ajuda-lá a se sentir melhor, mas muitos a julgaram, dizendo que Deus não ajuda quem vai mexer em algo que está quieto,mas e aí,Deus ajuda quem fica parado? Todos temos que lutar por aquilo que acreditamos não importa o julgamento dos outros, temos é que pedir a ajuda e o apoio daquele que realemente vai nos ajudar; DEUS.

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